“Servir Portugal nas Forças Armadas é coisa séria, senhor ministro!”

Passadas as comemorações dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, em que na cerimónia militar que teve lugar no Terreiro do Paço, em Lisboa, na manhã do dia 25 de Abril de 2024, na presença do Presidente da República e, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas, conforme o Artigo 120º da Constituição da República Portuguesa, na presença do ministro da Defesa Nacional, de outras entidades oficiais, das chefias militares e de inúmeros convidados de várias condições e estatutos, para além da cerimónia e desfile militar propriamente ditos, foram homenageados cidadãos que, cinquenta anos antes, enquanto militares, participaram activamente naquele acto histórico! Depois de uma das maiores manifestações populares jamais vistas em Portugal, eventualmente uma das maiores, depois do primeiro 1º de Maio em liberdade, em que cidadãos de todas as condições vieram para a rua comemorar o acto libertador iniciado por jovens militares e rapidamente apoiado pela população, foram os cidadãos em geral, e os militares em particular, surpreendidos com afirmações do ministro da Defesa Nacional no sentido de defender a presença de jovens delinquentes na tropa, em alternativa a instituições que são muitas vezes “escola de crime”! Se já era grave esta afirmação por parte do responsável pela pasta da Defesa Nacional, mais grave se tornou a questão quando a ministra da Administração Interna veio publicamente afirmar não só a sua concordância com tal ideia, como declarar que seria uma posição feita em nome do governo. De todo o governo! Será esta ideia absurda também defendida pelo chefe do governo? Será também por isto que as Forças Armadas e a Defesa Nacional estiveram ausentes durante a campanha para as legislativas? É absolutamente inaceitável esta ideia peregrina de equiparar o Serviço Militar a uma forma de “punição correctiva”! O Serviço Militar requer vocação e objectivo, dignidade e reconhecimento. E muito respeito! O Serviço Militar pode até ser um trampolim para formação académica e profissional. Punição e castigo é que nunca! Muito menos, depósito de jovens delinquentes, seja qual for a infracção cometida. As Forças Armadas não são uma instituição correcional, nem uma instituição de reinserção social. Não há muito tempo atrás, para se ingressar nas Forças Armadas, era necessário ter um registo criminal absolutamente limpo. O que se esperaria do ministro da Defesa Nacional, depois da sua recente tomada de posse e na sequência das comemorações do 50º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, seria uma intervenção no sentido da valorização dos homens e mulheres que serviram, dos que servem e dos que virão a servir Portugal envergando um uniforme das Forças Armadas Portuguesas! O que é absolutamente urgente é discutir e encontrar caminhos para medidas que tornem a carreia militar mais atractiva. Importa é perceber que Forças Armadas queremos e para o que queremos as Forças Armadas, instituição que é um pilar da soberania e da independência de Portugal. Para esta discussão, séria e construtiva, será necessário que o ministro da Defesa Nacional responda ao pedido de audiência endereçado atempadamente pela ANS. O nosso “Caderno de Aspirações” existe e expressa muitas das medidas para trazer a necessária atractividade e retenção, mas também o reconhecimento devido aos Sargentos de Portugal! A ANS, a par das outras associações profissionais de militares (AOFA e AP) está a preparar a realização de uma reunião de militares para dar continuidade à defesa dos direitos dos militares – cidadãos e trabalhadores em uniforme. Estejamos atentos e disponíveis para responder “Presente!” quando formos chamados a participar nas acções que venham a ser consideradas. Importa dizer, forte e claro, que servir Portugal nas Forças Armadas, é coisa séria, senhor ministro!

A Direcção

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