Num ano em que várias alterações se perfilam no nosso horizonte, próximo e mais distante, estamos uma vez mais reunidos para assinalar o Dia Nacional do Sargento.
O “31 de Janeiro – Dia Nacional do Sargento” visa essencialmente homenagear os heróis da primeira tentativa de implantação da República, em 1891, de onde sobressaem naturalmente os Sargentos da Guarnição Militar do Porto que não aceitaram o “Ultimatum” imposto a Portugal pela coroa britânica.
A cedência do governo e da monarquia portuguesa perante este “Ultimatum” deixou um profundo travo de humilhação em Portugal, nomeadamente entre os militares.
Este acontecimento, aliado às más condições sociais em que vivia a maior parte da população e ao descontentamento crescente no seio dos militares, particularmente Sargentos e Praças, pela forma como as suas carreiras vinham sendo mal geridas, levou a que na madrugada de 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, se tenha iniciado uma revolta levada a efeito por um movimento popular, encabeçada maioritariamente por Sargentos e Praças e apoiada pelo povo anónimo, num acto que ficou para a história como a primeira tentativa de implantação da República. Proclamou-se um governo provisório. Pela primeira vez cantou-se “A Portuguesa”, o nosso Hino Nacional! Mas, como sabemos, a “Revolta do Porto” foi derrotada. Alguns dos seus operacionais foram mortos, outros feridos. Muitos foram presos.
Sargentos e Praças foram levados a Conselho de Guerra em Tribunal Militar. Entre os 22 condenados, 14 eram Sargentos. Os Sargentos Abílio, Galho e Rocha, o Cabo Reis da Guarda Fiscal, ocupam um lugar de destaque entre os heróis desta revolta.
É para nós, motivo de enorme orgulho relembrarmos a coragem e a determinação daqueles homens, que fazem parte da nossa história e das nossas raízes.
Por tudo isto, o 31 de Janeiro é uma data com especial significado para a nossa sociedade em geral, e para os Sargentos em particular.
Hoje, passados 134 anos, apesar de a revolta ter sido derrotada, encontramo-nos aqui reunidos para homenagear aqueles Sargentos que desencadearam um movimento que só viria a ver a sua concretização 19 anos depois, no dia 5 de Outubro de 1910, com a implantação do regime em que ainda hoje vivemos e servimos: a República!
Estas comemorações realizadas em todos os locais onde se encontram Sargentos, no país e no estrangeiro, num cada vez maior número de Unidades, Estabelecimentos e Órgãos militares, com a anuência e participação dos Comandantes, Directores ou Chefes derrotaram o falso argumento que o reconhecimento oficial do 31 de Janeiro como Dia Nacional do Sargento afectaria a coesão e disciplina nas Forças Armadas. A prática vivida demonstra exactamente o contrário. Nas unidades onde o dia é assinalado, o reforço da coesão e da disciplina é incontestável.
Já não há razão para existirem dúvidas de que o reconhecimento oficial do Dia Nacional do Sargento torna evidente o seu contributo para a dignificação do ser-se Sargento e para o reforço da coesão e disciplina militar. Será o merecido reconhecimento pela obra dos Sargentos!
Mas importa que esta efeméride não se resuma a meros actos comemorativos ou evocativos. O “31 de Janeiro – Dia Nacional do Sargento”, aonde quer que os Sargentos se reúnam para o assinalar, deve ser também um momento de recordar as vitórias obtidas por meio da luta associativa, organizada em torno da sua associação representativa, a ANS, bem como ocasião para discutir, analisar e reflectir sobre as matérias que nos devem manter informados, disponíveis e determinados para continuar a lutar pela defesa dos nossos direitos, pelas condições socioprofissionais e pela dignificação da condição militar.
Estamos a atravessar um período de grande significado na vida democrática da nossa associação: o processo eleitoral para os órgãos sociais para o biénio 2025/2026, dando continuação à corajosa caminhada iniciada há quase 36 anos.
Uma nova etapa se nos coloca. Tal como as anteriores, também esta, não se avizinha nada fácil, mas também como no passado saberemos enfrentar colectivamente, com coragem, determinação e unidade, os ataques à condição militar, aos nossos direitos e à instituição militar.
Saibamos hoje tomar nas nossas mãos a condução do futuro das nossas vidas. Saibamos defender o futuro das gerações que servirão a Pátria portuguesa! Estejamos disponíveis para participar activamente nas iniciativas para as quais venhamos a ser chamados, na defesa dos princípios e valores constitucionais que jurámos, entre os quais se incluem a defesa do direito à saúde para os militares e famílias, a defesa de um estatuto profissional que consagre carreiras dignas e aliciantes. Em suma, o respeito pela Condição Militar!
Não nos deixemos subjugar por preconceitos! Não nos acomodemos. Mas, sobretudo, não nos resignemos!
Por tudo o que aqui se afirma, é fundamental, mesmo na mudança, apoiar e reforçar a Associação Nacional de Sargentos!
E porque acreditamos que só lutando defenderemos e alcançaremos a dignidade de uma vida profissional de que nos orgulhamos, vamos continuar, com confiança, a construir o futuro, honrando a memória daqueles que hoje homenageamos!
Vivam os Heróis do 31 de Janeiro!
Viva a Associação Nacional de Sargentos!
Vivam os Sargentos de Portugal!
Vivam as Forças Armadas!
Viva Portugal!

Documento aqui.