“Os Nossos Combates Continuam, Para Além das Eleições!”
Estamos nos últimos dias que antecedem o acto eleitoral de 10 de Março próximo, em que somos chamados a eleger 230 deputados que assumirão mandato na Assembleia da República. Da correlação de forças saída desta eleição, resultará a constituição do XXIV governo constitucional com a missão de gerir os destinos do nosso País na próxima legislatura. Legislatura essa que deverá atender, com a maior urgência, à procura de respostas e soluções para os problemas e dificuldades com que estão confrontados inúmeros sectores profissionais, em que se incluem os membros das forças e serviços de segurança, cidadãos a quem reiteramos a nossa inquestionável solidariedade e apoio nas lutas que travam e nos objectivos que perseguem. Mas nestas respostas e soluções é absolutamente urgente e necessário que se responda aos problemas, preocupações e injustiças que há muitas décadas afectam os militares e suas famílias, sem que sucessivos governos e governantes lhes tenham dado a devida e merecida atenção, apesar dos repetidos alertas. A denúncia e exposição pública e mediática da insatisfação latente entre os militares, responsavelmente promovida pelas associações profissionais de militares (APM), teve o mérito (se outros não tivesse também) de trazer para a discussão pública a Defesa Nacional e as Forças Armadas, mesmo que nem sempre clarificadora quanto às soluções e condições aplicáveis aos Homens e Mulheres que têm a patriótica missão de servir Portugal nas Forças Armadas. Esta constatação foi particularmente evidente no chamado “Debate Eleitoral das Rádios”, pois, até então, imperava um ruidoso silêncio no que a este sector fundamental dizia respeito, bem como ao factor humano que o integra. Com as suas acções, as APM colocaram a Defesa Nacional, as Forças Armadas e os Militares na agenda do debate político! A redução de efectivos nas Forças Armadas, maioritariamente em consequência de decisões políticas (ou da falta delas), mas que tem o seu efeito mais visível na falta de atractividade e retenção, aliada à rescisão de contratos ou à saída antecipada das fileiras com a utilização da figura do “abate ao quadro”, faz com que a carga de trabalho para quem continua nas fileiras, esteja a atingir situações insustentáveis, de verdadeiro alarme! Efectivos de Sargentos (bem como de outros Militares) muito abaixo do que está previsto nos Quadros Orgânicos, aprovados e publicados, em qualquer dos três ramos das Forças Armadas, estão a conduzir a situações de desmotivação, cansaço, esgotamento, pela dificuldade, ou quase impossibilidade, em gerir os necessários e fundamentais períodos de repouso e recuperação entre missões e serviços. Estes períodos de repouso e recuperação entre missões e serviços não são uma prebenda que se oferece aos militares. São, pelo contrário, uma condição necessária para que se continue a exigir a disponibilidade e prontidão para a honrosa missão de servir o País. A falta de efectivos, a par de um regime remuneratório elitista, classista e obsoleto, de um sistema de promoções que peca por consecutivos atrasos, da necessidade de rever e alterar regulamentos e estatutos militares, de uma reiterada relutância em reconhecer um nível académico justo e compatível com as competências e exigências colocadas, de um sistema de saúde deficiente nas respostas às especificidades impostas pela condição militar dos que servem, mas também dos que serviram patrioticamente o País, obrigam a que os nossos combates tenham de continuar para além das eleições! Porém, não deixemos de usufruir deste direito, mas também de cumprir este dever cívico! Não deixemos nas mãos de outros a responsabilidade que é de todos e de cada um de nós, cidadãos eleitores! Participemos activamente no acto eleitoral. Assim como, conscientes, determinados e unidos, digamos “Presente!”, sempre e quando formos chamados a tomar posição e a reforçar as necessárias acções na defesa da Condição Militar!
A Direcção
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