“E agora, sr. ministro? Qual é a próxima promessa?”

Então, e agora, senhor ministro da Defesa Nacional? Depois das declarações feitas pelo primeiro-ministro, no dia 2 de Julho, vamos continuar a ouvir o MDN dizer que está a negociar com os chefes militares e que aguarda o resultado das negociações com as forças de segurança (como se isso tivesse de estar relacionado)? Vai manter essa narrativa quando não encontrou ainda espaço, nem agenda, para se encontrar com as Associações Profissionais de Militares, legítimos representantes dos militares para as questões de âmbito socioprofissional?! Ou vão os homens e mulheres que servem Portugal nas Forças Armadas, e as suas famílias, ter de continuar a enfrentar instabilidade financeira, e sofrimento, só para cumprir o interesse particular de alguns? Vão ter de continuar os militares a fazer um esforço medonho porque o governo não quer colocar nem mais um cêntimo em quem desde 2009 não tem o seu regime remuneratório devidamente revisto e actualizado, face às enormes perdas que os têm colocado numa enorme instabilidade financeira? Está o governo preocupado em não perder a autoridade de se preocupar com toda a sociedade, com todos os outros, como se os militares não fizessem parte dessa mesma sociedade, como filhos e filhas que emanam deste mesmo povo? Estará, de facto, o primeiro-ministro (e o governo) disponível para resolver tudo aquilo que tem de ser resolvido em Portugal, mas para não trazer de volta a instabilidade financeira, esquece o sofrimento dos militares e suas famílias, só para cumprir o interesse particular de alguns, que circunstancialmente governam? Enquanto cidadãos em uniforme, Sargentos de Portugal, profundamente comprometidos com princípios e valores democráticos, respeitamos a opinião política de todos, não vacilamos em denunciar, combater e confrontar os que se guiam pelo oportunismo, pela instrumentalização de problemas reais. Como tal, não é aceitável que os militares sejam apenas instrumento para a boa imagem de sucessivos governantes no plano internacional, nem é desejável que continuem a ser submetidos ao esforço medonho de cumprir os compromissos que os governantes vão assumindo, sem cuidarem com que efectivos e que condições existem para o cumprimento desses mesmos compromissos. Os Sargentos não querem ouvir mais promessas! Antes gostariam de ver ser feito o tal esforço máximo, um esforço como nunca nenhum governo fez até aqui, na efectiva procura de caminhos para a resolução dos seus problemas. Gostariam ainda mais que este tipo de declarações não fossem apenas palavras de circunstância usadas em jornadas parlamentares partidárias, mas que se constituíssem em trabalhos de negociação séria e construtiva com as estruturas representativas dos militares no âmbito das suas competências específicas. Importa cuidar das questões profissionais, assistenciais, sociais, remuneratórias, que continuamente se vão degradando, para que então possa haver a tal atractividade, a retenção e o necessário respeito por quem serviu, por quem serve e por quem venha a servir Portugal envergando um uniforme das Forças Armadas Portuguesas.
A Direcção

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