Apresentação

Editorial do Nº 1 do Jornal “O Sargento”, em 29 de Julho de 1888

“Não pertencemos aos gregos nem aos troyanos; e ao entrarmos pela primeira vez nas lides jornalísticas, declaramos a todos os nossos camaradas que a nossa fé partidária e o nosso credo politico é o desejo ardentissimo de pugnar pelos nossos interesses, de pôr em evidência qual a situação precária do official inferior, e quaes os meios que é necessário e urgente empregar para sairmos d’este meio lethargico em que nos encontramos.

Uma comprehensão nitida dos nossos deveres como cidadãos, a obrigação que todos temos de nos tornarmos úteis ao nosso paiz e servil-o com brio e dignidade e com a convicção de que o servimos bem, tal é o caminho que devemos seguir.

Para isso e para termos a força necessária para impetrarmos com justiça as recompensas a que temos jus, o principal meio a que devemos recorrer é a instrucção. Instrumo-nos, pois, e façamos todos os esforços para nos tornarmos dignos da consideração publica, e os resultados benéficos não se farão esperar.

O jornal que hoje vos apresentamos tem a pretensão de advogar a nossa causa e pugnar pelos nossos interesses. Discutirá serenamente a sem rancor, sem permitir allusões pessoaes que affectem a auctoridade e que nos desconceituem em vez de nos elevarem. Transmittirá as vossas queixas a quem deva ouvil-as e acatal-as, mas com moderação e respeito, e vigiará sobre os nossos direitos para que não sejam postergados.

Prestando, pois, o auxilio de que elle carece, prestaes um grande serviço a vós mesmos; contribuindo para o seu engrandecimento trabalhareis para vós.

E sempre firme no seu posto, cumprirá o seu dever, manter-se-ha sempre com dignidade, e emquanto o animar a vida que lhe emprestardes, elle defenderá e pugnará com fervor pelo nosso bem estar.

Auxiliai-o, pois, e o tempo fará o resto.”